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Cicatrizes da Terra
A terra chora em rios de fumaça,
Seus pulmões secam, cinza é o seu alento,
A verde tomba ao som do rude vento,
E o sol castiga a pele que se esgarça.
O mar, outrora calmo, hoje ameaça,
Ergue-se em fúria, em cânticos de tormento,
E as aves, mudas, partem sem sustento,
Num céu que amarga o azul que já foi graça.
Florestas, mães de vidas silenciadas,
São cárceres de sombras e de prantos,
Onde o machado ecoa em madrugadas.
E nós, carrascos cegos de tantos cantos,
Esquecemos que as dores infligidas
São marcas que em nós mesmos são sentidas
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